sábado, 4 de agosto de 2012

No Brasil, a Psicologia faz bodas de ouro!



Lucynara Santos - Psicóloga e Psicopedagoga

No Brasil, a Psicologia faz bodas de ouro
            Em nível mundial a Psicologia já data de longos anos, tudo começou quando ainda tínhamos os conhecimentos da área psi totalmente ligados à Filosofia. No século IV a.C, o filosofo medieval Aristóteles criou o termo “psicologia” para designar a parte da Filosofia responsável por estudar a alma humana, enquanto àquilo que não se pode ver, nem tocar, mas que interage com o corpo, eis que surgem as primeiras manifestações de interesse em explicar aspectos metafísicos da natureza humana.
            Lembrando que até então, não havia qualquer interesse ou tentativa de desvincular a psicologia da filosofia, o que só aconteceu muitos anos depois, quando Wundt cria o primeiro laboratório de psicologia, na cidade de Leipzig na Alemanha em 1879, marcando deste modo, o início de uma nova fase da psicologia, que passou a ganhar caráter técnico - cientifico, e não mais como uma das formas de especulação e/ou contemplação filosófica a respeito do homem e da vida...
            Em meio a um contexto social, econômico e cultural cada vez mais propício, foi especialmente no ocidente, que advinham diversas descobertas e condições ideais para que a psicologia fosse construindo seus próprios conceitos e métodos que viriam explicar e modificar os comportamentos humanos. Naquela época essas questões ainda estavam muito interligadas aos conhecimentos das ciências naturais como a medicina, e no âmbito da educação, ambos tentavam respectivamente “dissecar” a alma humana porque deste modo seria possível “facilitar a vida” através da manipulação de comportamentos, após diferentes experimentos que envolviam o condicionamento animal e humano.
            No Brasil não foi diferente, em 1933 os primeiros estudiosos da Psicologia se encontravam nas faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, e ainda sem qualquer sistematização que garantisse a independência da psicologia enquanto ciência e profissão, foi somente no final do século XIX e inicio do século XX, com o advento e ápice da sociedade industrial/capitalista que o próprio contexto sócio-educacional requer a construção de uma psicologia enquanto profissão, era preciso dar vazão a crescente necessidade de pesquisas sobre o comportamento humano para assim poder “treinar” o mais rápido e em maior número possível de pessoas para atender às necessidades de pesquisas sobre as capacidades de desempenho humano e assim atender às exigências do mercado capitalista, onde o homem deveria produzir como uma máquina e multiplicar lucros. Sim, neste sentido, a psicologia realmente contribuiu para essa concepção mecanicista de homem...
            Na década de 50, ganha força os movimentos em favor da institucionalização da profissão e de sua confirmação legal/jurídica , sendo em 27 de Agosto de 1962 criada a lei nº 4119/62 regulamentando o exercício da profissão no Brasil. Além disso, através do parecer nº 403/62 fixou-se o currículo mínimo e a duração dos cursos de graduação em psicologia, os quais haviam iniciado em 1960 e as pós-graduações em 1970. É (...),  o percurso não foi muito fácil, a psicologia ainda é uma jovem senhora, que nem sequer tem ainda um digno piso salarial, nem uma carga horária justa, mas como não dizer que tudo valeu a pena? Este ano de 2012 a psicologia completa no Brasil o seu cinqüentenário, faz bodas de ouro e merece ser reverenciada, porque afinal, são 50 anos de (re)construção, e de lá para cá não mais nos restringimos ao campo das especulações filosóficas, nem tampouco à pura lógica do mercado capitalista, lutamos desde as décadas de 70 e 80 pela reforma psiquiátrica e adentramos com vigor no ramo das políticas públicas. 
           Segundo a revista Ciência e Profissão, em 1980 existiam 17 mil psicólogos, hoje somos mais de 220 mil profissionais que aprende e reinventa a cada dia, muito mais que conceitos e teorias sobre o homem e suas relações. E nunca é demais lembrar que precisamos acima de tudo, reinventar a nós mesmos para conseguir lidar com a imensa pluralidade da vida, das pessoas e das relações. Crescemos e reinventamos tanto que não cabemos mais só na psicologia clinica, ou só na psicologia educacional, ou na organizacional. Estamos nestes campos, mas também estamos no esporte, no trânsito, no setor jurídico, no público e aonde quer que existam pessoas, desejos e relações...
 Parabéns psicólogos do Brasil e do mundo!

        Lucynara Santos PSICÓLOGA-CRP17/1559 e-mail/contato: ynaralu@bol.com.br

Para referir este texto:

SANTOS, Francisca Lucynara A. No Brasil, a Psicologia faz bodas de ouro - in. Internet, disponível em: http://psicologiamor.blogspot.com/, postado em 4 de Agosto de 2012.




4 comentários:

  1. P.S(texto escrito em 2004 – 1º ano de faculdade): “Dedicar-se aos estudos sobre Psicologia é sem dúvida uma experiência singular e a meu ver uma das mais fascinantes viagens através da alma humana. Não se trata de uma viagem programada para ter começo, meio e fim. Trata-se na verdade, de uma corajosa e ousada aventura em busca não apenas de conhecimentos técnicos e científicos sobre o comportamento humano, mas sim, uma oportunidade única de podermos ao menos, nos aproximarmos um pouco mais de nós mesmos, de quem fomos, quem somos e o que poderemos ser depois de tantas experiências vividas além daquelas que não nos permitimos experienciar, uma vez que o homem é livre para fazer escolhas, está sempre se transformando, se reinventando(...). Não nascemos prontos e acabados em si, somos mais que informações genéticas e costumes sócio-culturais, somos tudo isso, mas também somos o que não sabemos ser (...)”

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  2. Muito bom o texto! Parabéns!

    E a tod@s nós... :)

    abraço

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  3. Muito bom o texto! Parabéns!

    E a tod@s nós... :)

    abraço

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