Por Lucynara Santos
Psicóloga e Psicopedagoga
E-mail, MSN, Orkut, Facebook, Twitter e quantos tantos outros canais de comunicação e redes sociais virtuais virão para nos contaminar como uma peste contagiosa e bastante perigosa do ponto de vista psicossocial?
Claro que sou a favor da democratização de todos os instrumentos de comunicação, dentre os quais está a internet, pois acredito piamente que informação é poder, e ela nos proporciona isso. Poder que enaltece e emancipa o sujeito, mas que quando pouco ou mal aproveitado (em minha humilde avaliação critica), acaba gerando uma espécie de “abobalhamento em massa”. É como se fosse um vírus (cada vez menos encubado e cada vez mais letal) que cresce e muda de forma numa velocidade assustadora, daí a enorme variedade desses canais de redes sociais.
Claro que sou a favor da democratização de todos os instrumentos de comunicação, dentre os quais está a internet, pois acredito piamente que informação é poder, e ela nos proporciona isso. Poder que enaltece e emancipa o sujeito, mas que quando pouco ou mal aproveitado (em minha humilde avaliação critica), acaba gerando uma espécie de “abobalhamento em massa”. É como se fosse um vírus (cada vez menos encubado e cada vez mais letal) que cresce e muda de forma numa velocidade assustadora, daí a enorme variedade desses canais de redes sociais.
Para onde caminha o prazer dos encontros pessoais, o toque físico e a troca direta de palavras e afetos? Será mesmo que precisamos pagar um preço tão alto pela segurança e conforto de não precisarmos mais sair de casa para estar com um amigo, colega ou paquera? Sou do tempo em que ainda se questionava a segurança de colocar em rede todo tipo de fotografias e informações pessoais (para não dizer intimas). É estranho constatar que no início, havia certa escassez de informações sobre o outro – este era o risco, já que se temia o mau uso dessas informações e, portanto faltava intimidade/confiança nessas relações(...). Atualmente o risco não passa mais pela falta e sim pelo excesso, uma vez que a cada dois segundos alguém posta em rede mundial frases do tipo: “indo dormir com meu amor”; “saindo de casa pra trabalhar”; “estou triste, ou feliz; “indo ao banheiro, volto já” e por aí vai. É tanto verbo no gerúndio que até os atendentes de telemarketing deve ficar com inveja ou ciúmes, a diferença é que estes costumam ser evitados, combatidos ao invés de encorajados a falar (...).
Que paradoxo não? Pensar que antes nos faltava coragem para expor nossas opiniões, comportamentos, e modo próprio de ser numa relação virtual, enquanto hoje o problema mais parece ser o excesso de liberdade/segurança para essa auto-exposição. Porém pensemos: que legitimidade esta tal intimidade para criar vínculos de confiança pode ter? Quantas pessoas (‘em carne e osso’) dentro de nossas próprias casas temos deixado de lado no momento em que insistimos nos “diálogos” virtuais? Quantas vezes o verdadeiro diálogo nem se quer acontece, pelo simples fato de muitas vezes não termos se quer alguém especifico para nos dirigirmos ao escrever – me refiro àqueles escritos em caráter público, sem destinatário definido a não ser os milhares de “amigos” virtuais que se tem e que querendo ou não têm acesso àquilo que jogamos diariamente em nossa santa pagina virtual de cada dia. Outra vez nos perguntemos, que tipo de relacionamentos estamos alimentando?
Não parece contraditório demais supor que estamos nos relacionando cada vez mais com pessoas, (quantitativamente) ao mesmo tempo em que nos enclausuramos na mesma proporção em nossas banquinhas de computador? Não seria esta uma nova modalidade de solidão?
Será que em meio a centenas ou milhares de amigos virtuais existe alguém ou algum deles que de fato se interessa em nos conhecer como verdadeiramente somos, ou no fundo a única coisa que importa nesse meio é a própria necessidade de se fazer visto ou ouvido pelo mundo inteiro, em suas angústias, medos, inseguranças ou auto-promoção? Gritos em pedido de ajuda, marketing pessoal talvez. Ou simplesmente uma nova geração de escravos da mídia?
Quantas vezes antes de postar via internet algo sobre nós ou nossas famílias paramos ao menos cinco minutos para refletir o impacto que aquilo pode causar. Ou será que a banalização em torno desses canais de comunicação já chegou ao seu ponto máximo onde nada mais pode ser impactante? Não haveriam mais quaisquer riscos envolvidos neste novo “modo de ser”?Imagine você que exatamente no momento em que escrevo este texto, vejo entre um parágrafo e outro, quase de maneira incontrolável ou inconsciente, os recados e notas que não param de ser atualizadas na rede pelos meus também “viciados amigos virtuais”.
Estamos nos alienando perante estes novos modos de se relacionar ou tudo não passa de uma mera visão precipitada de quem escreveu esse texto? Talvez eu esteja completamente enganada em supor que estar com alguém é fazer isso de corpo e alma, é se fazer presente ainda que via internet, é interagir com a alma do outro e deixar que a superficialidade não tome conta de nós, em qualquer modalidade de interação (virtual ou presencial). E para não dizer que falei em culpados ou descaso pela maravilhosa rede de internet, resta apenas reafirmar de maneira mais clara, que em determinadas circunstancias ela nos é de fato essencial, pela velocidade e abrangência de informações que nos proporciona, logo, a única coisa que precisa ser repensada é o modo como temos utilizado a mesma!
Para referir:
SANTOS, Francisca Lucynara A. "Eu, Você e as Redes Sociais” - in. Internet, disponível em http://psicologiamor.blogspot.com/, postado em Abril de 2012.
Contato: ynaralu@bol.com.br
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